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quinta-feira, 22 de abril de 2010

Eis o flagelo do Eyjafjalla!!!!


Será que um islandês vendado escreve correctamente "Carrazeda de Ansiães" no seu computador?


Que reflexão merece a erupção do vulcão Eyjafjalla, situado em Eyjafjallajokull? Primeiro, uma constatação linguística: aquilo que, para nós, é escrever letras à balda no teclado, para os islandeses é toponímia. Eyjafjallajokull é o tipo de palavra que aparece se eu fechar os olhos e carregar aleatoriamente em teclas. Na Islândia, é um sítio. Será que um islandês vendado escreve correctamente "Carrazeda de Ansiães" no seu computador? Não sei, e a comunicação social parece mais interessada em seguir o rasto às nuvens de cinza do que em falar das questões que verdadeiramente interessam, como esta.

Outro problema importante é o de investigar o modo como um amante da natureza deve olhar para o vulcão. Não faz especial sentido que uma pessoa que sofre pela extinção do lince da Malcata se alegre com a extinção do Eyjafjalla. Não é verdade que o Eyjafjalla é tão natural como o lince? Um vulcão é uma espécie de borbulha do planeta. Desenvolve-se e fermenta silenciosamente até esguichar um doloroso pus (espero não estar a ser demasiado técnico). Mas faz parte da natureza como um carvalho ou um golfinho. A única diferença é que os vulcões estão para a natureza como os convidados bêbados estão para uma festa. O anfitrião, como o amante da natureza, quer ter a mesma gentileza para com todos os convidados, mas há um que entorna coisas e apalpa senhoras. É o vulcão. Por isso, querendo ou não, todos nós sabemos, no íntimo, que há natureza de primeira e natureza de segunda: uma que deve ser protegida e apreciada e outra que é simplesmente desagradável. No entanto, por vezes cometem-se injustiças - e eu estou particularmente atento ao facto de, na natureza, haver filhos e enteados. É uma observação que faço amiúde na qualidade de amante da natureza mas, principalmente, na de apreciador de caracóis. Muitas vezes estou a desfrutar de um pires de caracóis e percebo o olhar de repugnância que alguém me dirige. E, quase sempre, não tem a ver com o barulho repenicado que faço a tirar o bicho da casca, mas simplesmente com o facto de eu estar a comer caracóis. O mais interessante é que, na esmagadora maioria dos casos, quem me censura por comer caracóis bebe leite e come ovos. O leite, recordo, é uma gosma produzida no interior de uma vaca, e os ovos são - não há como negá-lo - a menstruação da galinha. É impressionante a hipocrisia destes moralistas da nutrição. Mas, ultrapassada esta lógica e inevitável digressão pelo tema dos caracóis, voltemos à questão do vulcão.

Se há pensamento que deve alegrar-nos, nesta altura, é este: Portugal foi poupado aos mais violentos fenómenos naturais. Não somos arrasados por tornados, nem devastados por tsunamis. Não temos vulcões que nos aflijam nem avalanchas que nos soterrem. A natureza não tem culpa nenhuma de que Portugal esteja como está. É certo que, volta e meia, aparecem umas chuvas mais abundantes e, lá de longe em longe, um terramoto. Mas em geral o nosso clima é ameno e simpático, por muito que a comunicação social se esforce para descobrir desastres naturais em qualquer rabanada de vento. Ainda na semana passada, a fazer fé nos jornais, houve um minitufão no Algarve e outro em Lisboa. Na impossibilidade de sermos visitados por tufões, temos minitufões. Note-se que a expressão "minitufão" nem sequer faz sentido. Não há, por exemplo, microgigantes. Um minitufão é, na verdade, um tufinho. Na semana passada Portugal foi, portanto, assolado por dois tufinhos. Não é especialmente assustador.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Peço desculpas, mas não resisti

IMAGINE o leitor que um ataque semelhante ao que atingiu esta semana o autocarro portista tinha sucedido no Porto. Não faltaria certamente quem garantisse que o Porto era mais perigoso que Palermo. E com razão, porque de facto o ataque é infame e perigoso. Mas agora imagine que o Benfica tinha ido jogar a Seroa, uma freguesia do concelho de Paços de Ferreira que fica a cerca de 30 quilómetros do Porto. Perto do destino, o autocarro da equipa e o carro do presidente eram atingidos por pedras. Algum benfiquista teria a desonestidade intelectual de afirmar que o sucedido indicava que o Porto estava cada vez mais parecido com Palermo? Talvez. Infelizmente, há gente desonesta em todo o lado. Mas, com franqueza, parece-me improvável. No entanto, o Porto foi jogar ao Estoril, uma freguesia do concelho de Cascais que fica a cerca de 30 quilómetros de Lisboa. Perto do destino, o autocarro da equipa e o carro do presidente foram atingidos por pedras. Quem terá cometido o crime? Um estorilista? Um benfiquista? Um sportinguista? Um portista que reprova o que ouviu nas escutas (que diabo, há-de haver um)? Ou o jornalista do JN que foi atropelado por aquele mesmo veículo? Enfim, os suspeitos serão muitos, mas uma coisa é certa: a culpa é da cidade de Lisboa. Cascais continua a ser Cascais. Oeiras, que separa Cascais de Lisboa, continua a ser Oeiras. Mas ou o presidente da câmara de Lisboa começa a preocupar-se com a criminalidade de Cascais ou a capital fica muito parecida com Palermo.

Neste momento, vale tudo. Os jogadores do Porto agridem gente no túnel? A culpa é do Benfica. Alguém atira pedras aos carros em Cascais? A culpa é de Lisboa. O país inteiro ouve o presidente do Porto a combinar encontros com árbitros? A culpa é do país inteiro, que não tem nada que ir ouvir. Se o meu clube vendesse os seus melhores jogadores, fosse à Argentina abastecer-se de refugo e estivesse arredado dos primeiros lugares, eu também estaria interessado em reflectir sobre autocarros, teorizar acerca de túneis, meditar profundamente nas rivalidades doentias entre cidades. Todos os temas seriam bons, desde que não me falassem de futebol.

Tenho pensado muito em Vale e Azevedo, o ex-presidente do Benfica injustamente preso só porque foi apanhado a cometer ilegalidades. Um escândalo, aquela prisão. Sabem quem é que também prendia pessoas? A PIDE. Além de escutar pessoas, como agora vergonhosamente se escutou Pinto da Costa, também prendia. Vale e Azevedo e Pinto da Costa são, portanto, vítimas da polícia política do Estado Novo. Tantos anos a homenagear antifascistas e nunca ninguém se lembrou destes dois mártires. Até esta semana. A justiça chega tarde mas chega, felizmente.

Segundo a Rádio Renascença, o Porto acaba de contratar Kléber por 8,5 milhões de euros. Da forma de pagamento não se sabe muito, mas uma coisa é certa: o passe do jogador não será pago em petróleo. Kléber é conhecido no Brasil como o novo Animal por ter problemas de comportamento semelhantes aos do encantador Edmundo. Na época 2008/2009 foi o jogador do campeonato brasileiro que viu mais vezes o cartão vermelho: seis. A sua especialidade é pisar adversários, mas também os pontapeia e acotovela com categoria. Ou muito me engano ou vai ser mais uma vítima de infames provocações.

Por Ricardo Araújo Pereira, edição 30 de Janeiro 2010 - Jornal "A Bola"